Este trabalho abrange o conceito de habitus, segundo a obra Arquitetura Gótica e Escolástica de Erwin Panofsky, visando o seu distanciamento das historiografias passadas – como a de Wölfflin, Riegl, Warburg ou Cassirer –, os debates que os trabalhos de Panofsky produziram, e a influência que sua teoria e metodologia exerceram sobre autores posteriores a ele, nas mais diversas áreas, através desse conceito. Tal influência faria com que o conceito fosse reapropriado por autores como Gombrich, Eco, Bourdieu e Chartier. Os dois últimos, especialmente, reconheceram no habitus a superação, por Panofsky, de suas críticas à obra de Wölfflin e Riegl: a superação do positivismo e do formalismo, assim como o abandono da procura pelo precursor, a capacidade e liberdade da invenção individual, a abordagem psicológica do gênio, e o distanciamento da “História do Espírito”. Apesar de se mostrar uma eficaz solução teórica a muitas questões históricas abertas até então (algumas comuns também à escola dos Annales), foi dedicado a esse conceito muita pouca atenção por parte de historiadores e teóricos. No mais das vezes, estes voltam sua atenção apenas para seu renomado método Iconológico, ou para as “formas simbólicas”. Contudo, há no conceito de habitus e na Iconologia uma gênese historiográfica muito próxima. Ambos surgem do interesse de Panofsky pelo fenômeno gótico, pela escolástica – especialmente por Aquino e Suger – e pelo alegorismo sagrado. O alegorismo – a concepção medieval de se revelar sentidos trinos em textos e imagens – é a base na qual Panofsky concebeu seu método tripartite de investigação do significado artístico – a Iconologia. Da mesma forma, a formulação do habitus e da renomada tese de Arquitetura Gótica e Escolástica tem uma base escolástica em comum com o próprio alegorismo.
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