Como a parametrização e a fabricação digital podem mudar o processo de produção e vivência do espaço?
O meio digital não é a binarização do papel. A parametrização e a fabricação digital devem mudar a relação do arquiteto com o espaço, e não apenas serem seu instrumento – não devem apenas facilitar o processo de produção e vivência do espaço, mas subvertê-lo. Com a parametrização, o espaço ganha abertura, na medida que o arquiteto cede o controle a processos cujo seu domínio é restrito. Cedendo o controle do projeto, ele cede o significado e a interpretação do espaço às demandas de quem o habita. Em certo sentido, todo espaço é aberto pois sua interpretação nunca é unívoca. Contudo, tratamos de uma abertura específica – aquela que, através de meios digitais, retira do autor suas determinações sobre a obra, entregando ao usuário o significado e a interpretação do espaço. Procedimento semelhante operou a música contemporânea que gradualmente cedeu ao intérprete uma notação semelhante aos “jogos de armar”, criou possibilidades combinatórias, zonas de indeterminação, campos probabilísticos: é o caso das obras de Boulez, Berio, Stockhausen, Xenakis, entre outros.